Livro lido – Futuro ancestral, de Ailton Krenak

Leituras de 2024

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Futuro ancestral [2022]

Ailton Krenak(🇧🇷1953-)

Cia das Letras, 2022, 75p.

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“(…) por isso eu digo: respeitem a água e aprendem a sua linguagem. Vamos escutar a voz dos rios, pois eles falam. Sejamos água, em matéria e espírito, em nossa movência e capacidade de mudar de rumo, ou estaremos perdidos” (Pag Kindle 15).

De Ailton Krenak eu já havia lido “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019) e “A vida não é útil” (2020), livros que, só agora percebo, curiosamente eu não resenhei. Que lástima!

Bom. Tanto lá nos volumes anteriores, quanto nesta reunião de textos seus, Krenak desfia uma forma originária de filosofia. Trazida da sabedoria indígena e aliada à sua própria vivência, suas palavras, muito mais que deliciosos e poéticos afrescos literários, traz sempre um alerta, uma cousa que cutuca, que incomoda deveras, uma mensagem que procura tirar o leitor – e consequentemente o ser parte de uma natureza agredida diuturnamente – da letargia à qual acabamos sendo formatados enquanto usuários abusivos dos recursos naturais.

É um livrinho que verdadeiramente faz pensar: por anos sendo educados para uma civilidade canhestra e totalmente questionável, esta geração estamos caminhando para um colapso comum, tão distantes estamos da voz da Gaia-mãe. O que Krenak escreve é, muito mais que desabafos e indignações, é um chamado conjunto para a responsabilização pelos danos praticados por anos de espoliação da riqueza que a terra dá mas que, na ânsia por mais e mais, a civilização a expõe ao último e quase iminente suspiro.

Quiçá que este mundo velho possa passar, mesmo que eu, tu, nós, passemos. Prossigamos, se possível for…


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