Lista #1001livrosparalerantesdemorrer
Título lido: Nada de novo no front
Título original: Im Westen Nichts Neues
Autor: Erich Maria Remarque (RDA)
Tradução: Helen Rumjanek
Editora: L&PM
Lançamento: 1929
Esta edição: 2017
Páginas: 224
Classificação: 5/5
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“Quando os vejo assim, nos seus quartos, nos seus escritórios, entregues aos seus afazeres, sinto-me irresistivelmente atraído, queria ficar aqui também e esquecer a guerra; mas, ao mesmo tempo, isso também me repugna, tudo é tão mesquinho, como pode encher uma vida?… é preciso acabar com isso. Como podem ser assim, enquanto lá fora os estilhaços zunem sobre as trincheiras e os foguetes luminosos sobem, os feridos são arrastados em lonas para a retaguarda e os companheiros abaixam-se nas trincheiras?” (Pags. 133/134).
falar sobre a guerra e suas atrocidades nunca é um tema fácil, mesmo que na ficção literária. tanto mais é maior seu grau de realidade, mais chocante e sombria é a experiência de deglutir páginas ambientadas no front.
na prosa de remarque, é o soldado paul baümer que nos conduz para o epicentro do front durante a primeira grande guerra. paul tem 19 anos quando é recrutado juntamente com amigos que leva e outros que conquista já na caserna. sua voz, um primoroso relato do dia a dia no front, não busca trazer um culto ao heroísmo – esse misticismo tão trabalhado e com o qual impérios é nações manobra e manipulam, e à força inquebrantável das hordas alemãs, cujo poderio, como se sabe, foi rechaçado pelo exército vermelho. antes, através de sua voz, vemos o lado humano do soldado, aquele que está entediado pelo dia a dia insípido e inalterado, aquele que sente medo, solidão e revolta.
paul não tem receio de mostrar o que o homem faz com seu semelhante, e mesmo num ambiente tão volátil, ainda é capaz de mostrar altruísmo até para com seu inimigo. a voz de paul é bálsamo em meio ao tiroteio cerrado, às bombas que espalham terra e estilhaços que inabilitam membros e ceifam vidas. percebemos sua angústia em, numa licença, voltar ao lar e perceber que aquele ambiente de razoável tranquilidade é, na verdade, trair seus amigos que penam no front. seu desaparecimento súbito como que traz a orfandade ao leitor, como se perdêssemos o nosso camarada, que uma vez juntos, foi quem dividiu o exíguo espaço da trincheira, um trago de bebida, uma memória, uma saudade, um pedaço de vida. como diz aquela máxima, nunca mais será possível banhar nas mesmas águas, pois ambos, as águas e o homem jamais serão os mesmos… que livro, senhores!
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