Título: Ninguém escreve ao coronel
Título original: El coronel no tiene quien le escriba
Ano de publicação: 1961
Autor: Gabriel Garcia Marquez
Editora: Record
Páginas: 96
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️
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Esta pequena novela, embora escrita na primeira fase de Gabriel Garcia Marquez, o Gabo, já revela alguns traços que marcariam seus livros posteriores, como em Cem anos de solidão e o também curto Crônica de uma morte anunciada. A temática da “espera”, explorada tão lindamente na vida de seu personagem Florentino Ariza, meu preferido, é, aparentemente, o que move a vida do velho coronel, um homem que passara mais de 15 anos esperando o envelope que deveria conter a notícia que enfim veria o dinheiro de sua justa aposentadoria.
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O livro, claramente uma crítica ao regime que então figurava, brinca com ironia com esta espera angustiante, levando o velho coronel e sua esposa a passar muitas dificuldades.
A pitada irônica (em algumas passagens, mais triste que cômica) está no galo de briga, única lembranças do filho morto pelo regime, que a família diminuta insiste em cuidar, a despeito da fome que os levam a vender, pouco a pouco, os poucos objetos e móveis que ainda possuem.
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Uma referência interessante no livro: é nessa novela que Macondo — o povoado mítico onde se baseia o romance Cem anos de solidão — é citada pela primeira vez, como também aos feitos do coronel Aureliano Buendía, filho de patriarca e fundador de Macondo, José Arcádio.
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Ninguém escreve ao coronel é uma leitura segura, fácil e divertida — além de rápida — para quem queira começar a se embrenhar no universo realístico-fantástico de Garcia Marquez. Isso porque a evolução do escritor nos seus romances posteriores mostraria a sua força na forma de uma prosa dinâmica, musical e embargada de adjetivos, tão gostosa de ler quanto as delícias que Úrsula Iguarán de “Cem anos” costumava preparar…
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