Leitura 19/2021
Serei sempre o teu abrigo [2020]
Valter Hugo Mãe (Protugal, 1971-)
Biblioteca Azul, 2021, 48p
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“As pessoas abrigam-se umas nas outras. Mesmo ausentes, nossos abrigos existem. Estamos debaixo da memória” (Posição Kindle 52).
Valter Hugo Mãe, o prolífico escritor português, me ganhou no único livro que dele li, a saber, “O filho de mil homens”. A prosa multiforme e musical que narra a (des)ventura do Crisóstomo e seu desejo de ser pai foi uma coisa que me marcou deveras, tamanha a força poética das palavras de VHM que — sem vergonha — confesso ter deitado de meus olhos muitas lágrimas!
É claro que já possuo outras cousas dele para ler e farei isso tão logo vá dando andamento aos vários livros que tenho parado na estante….
Então pego essa pequena preciosidade chamada “Serei sempre o teu abrigo”, um pequeno conto de um neto que se perde em poetizar a existência de seus avós. Um olhar ainda pueril, mas capaz de abarcar toda a beleza e as nuances da relação afetiva dos avós que, cada um à sua maneira, dispunha sua forma de amar. VHM é feliz quando consegue transformar as palavras, transcender seus significados, dar uma cor diferenciada a objetos, a emoções, a sutilezas que só um olhar apaixonado é capaz de assim nomear. E tudo isso numa singeleza que não tem como deixar de comover um coração “pouco adornado” pelo amor, no dizer do próprio autor.
Eu não saberia dizer se há algum livro deste escritor magistral que seja ruim, pois é pouco o que dele li, mas esse pouco, de uma cadência emocional absurdamente bela e comovente, é, por si só, combustível suficiente para desejar se embrenhar sem dó em suas palavras. Se vale!
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