
Leitura 05/2021
Eu tenho sérios poemas mentais
Pedro Salomão (BRA, 1994-)
Outro Planeta, 2018, 202p.
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“Respira.
Porque tem uma flor em cada esquina
E os seus problemas vão passar pela manhã” (pág Kindle 182).
(…) Se deixe fluir.
Se derrame feito água.
O vento viaja o mundo e nunca se quebra” (pág Kindle 184).
Já faz bem um par de anos que não leio poesia. Era quando eu me deleitava nas métricas de Vinicius de Morais, pensando em como ele vitrificou em versos sentimentos tão vívidos, palpáveis, palatáveis. Nunca deveria ter parado. Ledo engano meu.
Como de costume, quase todas as noites, antes de dormir, vasculho no meu Kindle (gosto de ler no escuro, sob a tênue luz do aparelho) algo para ler até dar sono. O livro do poeta Pedro Salomão saltou-me aos olhos logo pelo título musical: “Eu tenho sérios poemas mentais”! Então fui lendo, lendo e rapidamente devorei as quase duzentas páginas de curtas poesias e reflexões, que versam sobre o ato de viver. A economia de palavras não economiza em nada na emoção. O escritor fala da singeleza das coisas e aquilo me tocou tanto, no tanto que pensei o quanto precisava de algum tipo de purificação, literária e também da vida. “Pedir desculpa é tomar um copo de leite para tirar o gosto amargo da alma”, diz o jovem poeta. Coisas assim mostram que nem sempre valioso é o estofo das coisas, que mais válida está a simplicidade, a fluidez, a límpida emoção, clareada pelo fluir da vida, apartada da poluição emocional que tanto nos prende e nos tolhe. Eu aprendi navegando por estes belos versos que, sim, devemos fluir na vida como a água, que não se abate nem mesmo ante o maior dos obstáculos. Vale!
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