
Leitura 43/2020 [Lista #1001livros]
O jovem Törless [1906]
Orig. Die Verwirrungen des Zöglings Törless
Robert Musil (Áustria, 1880-1942)
Nova Fronteira, 2019, 145 p.
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“É sempre assim: aquilo que num momento experimentamos como indivisível e inquestionado torna-se incompreensível e confuso, quando queremos amarrá-lo com as cadeias do pensamento, tomando posse dele. E aquilo que parece grande e estranho enquanto nossas palavras, de longe, anseiam por ele torna-se simples e perde o que tem de inquietante tão logo entra no ritmo de nossa vida diária” (pág 60).
O romance conta a história de Törless, um adolescente que é mandado para o internato, onde é submetido a experiências que marcarão a sua vida para sempre. A história é centrada em três rapazes onde são tratadas questões como a transição da adolescência à vida adulta, do experimento de certa atividade homossexual, não incomum em ambientes assim, os jogos de poder, onde parte da personalidade é formada e o papel da crueldade, bullying físico e psicológico e, claro, nos questionamentos existenciais de Törless.
Apesar de ser o primeiro trabalho do escritor austríaco Robert Musil, é inegável a maturidade do livro, frases fortes e marcantes, de uma atualidade incomparável. A leitura também me fez lembrar de outro romance, brasileiro, com matéria-prima análoga: trata-se de “O ateneu”, da lavra de Raul Pompéia, que li faz muitos anos, para um trabalho escolar. Ambos são clássicos que merecem ser lidos por agregarem algo da essência de todos nós, ou mesmo as perguntas pelas quais inevitavelmente passamos. Valem!
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