Título lido: Cartas a um jovem poeta
Título original: Briefe an einen jungen Dichter
Autor: Rainer Maria Rilke
Tradução: Pedro Süssekind
Lançamento: 1929
Esta edição: 2011
Editora: L&Pm
Páginas: 96
Classificação: 5/5
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“O que é necessário é apenas o seguinte: solidão, uma grande solidão interior. Entrar em si mesmo e não encontrar ninguém durante horas, é preciso conseguir isso. Ser solitário como se era quando criança, quando os adultos passavam para lá e para cá, envolvidos com coisas que pareciam importantes e grandiosas, porque esses adultos davam a impressão de estarem tão ocupados e porque a criança não entendia nada de seus afazeres” (Posição no Kindle 404/55%).
Esta pequena pérola da literatura alemã é uma junção de dez cartas onde Rilke, o grande poeta, responde a Franz Xaver Kappus, um aspirante a poeta, entre fevereiro de 1904 e dezembro de 1908, então com problemas de composição de seus versos, os quais não considerava satisfatórios. Mas, muito mais que meros conselhos partidos de um escritor mais experiente, esta coletânea pode muito bem ser lida como preciosos aforismos donde qualquer leitor poderá extrair valiosas lições de vida.
Rilke se utiliza de metáforas sobre a vida e a morte, a tristeza, o imprevisível, o medo, o amor e a solidão, e como afrontá-los. São conselhos, a meu ver, para serem saboreados com tempo e com calma, na sofreguidão do silêncio, na calmaria desse mar bravio chamado vida, pela grandiosa profundidade de sua sabedoria e por mostrar os aspectos que de fato merecem a atenção: não escrever poemas de amor, não falar sobre temas do dia a dia, não ler críticas literárias (essa eu também concordo e pratico), não pensar demais apesar de não desprezar recordações e experiências pessoais.
Por isso mesmo, Rilke nos lega um verdadeiro manual da beleza da vida, os conselhos dados ao jovem poeta Kappus, escritos com uma singeleza tocante, bem podem servir para instrumentalizar a arte de viver, para que não penemos com a brutalidade da existência e possamos experimentar adentrar nossa constituição sentimental onde sempre há algo a ser contemplado com os olhos pueris. Uma pena que o livro seja tão breve, detalhe que pode na verdade ensejar várias releituras. Vale!
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