É. Era ele.
O menino que um dia foi mais do que minha adulta vida sem graça.
Que mais se aprofundou na garganta das verdades que a vida me negou ou dela me neguei.
E que da arte que lhe ensinei, dela se serviu para ser alguém.
Era ele.
Que voltava e uma vez mais me dizia coisas profundas, em seu silêncio vago.
Que trazia consigo um chamariz para o passado, e devolvia um rosto que eu nem mais pude ver.
Era ele mesmo. Não havia como não ser.
Com seu violão a tira-colo, com mil histórias na bagagem,
Trazia consigo uma nova palavra, mas com diferentes sons,
Um novo verso, agora mais belo, e os retratos de amores de outrora.
Alberto. Era ele.
Meu amigo mais antigo, que estava de volta.
Desfiava a barba cerrada naquele rosto que vi menino,
Os dedos trêmulos de bebida e violão,
os olhos mansos que viam mais e mais longe.
A sua fala rouca, a sua roupa tosca, o seu tênis canhestro: ele não veio só.
Estavam de volta Alberto e uma parte daqueles anos
Onde tudo era incerto, e por isso mesmo, mais belo.
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