Título lido: Sobre a brevidade da vida
Título original: De brevitate vitae/De Constantia Sapientis
Autor: Lúcio Anneo Sêneca
Tradução: José Eduardo S. Lohner
Editora: Companhia das Letras
Lançamento: 49 D. C.
Esta edição: 2017
Páginas: 80
Classificação: 4/5
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“Uma vez principiada, a vida segue seu curso e não reverterá nem o interromperá, não se elevará, não te avisará de sua velocidade. Transcorrerá silenciosamente, não se prolongará por ordem de um rei, nem pelo apoio do povo. Correrá tal como foi impulsionada no primeiro dia, nunca desviará seu curso, nem o retardará. Que sucederá? Tu estás ocupado, e a vida se apressa; por sua vez virá a morte, à qual deverás te entregar, queiras ou não” (Posição no Kindle 146/36%).
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beber do cálice dos sábios sempre traz um olhar renovado, onde são aguçados percepções embotadas pelo brutal realidade desses tempos tenebrosos. esses aforismos são um intenso contraponto à esta realidade que força o ser humano a correr de forma desenfreada, ainda que a lugar nenhum, mas que gera um fastio que torna o ato de existia um desafio sobre-humano.Sêneca é uma dessas fontes que recorro sempre que me pego deixando de lado um olhar estoicizado pela vida. é quando digo a mim mesmo: pare!, desacelere!, tire menos fotos!, contemple mais!, e outras exortações com as quais me obrigo a apegar. junto a Schopenhauer, de quem aprendi que ler muito nem sempre é algo positivo, já que, segundo o filósofo, se dedicar a muitos autores fatiga o espírito e torna o olhar crítica imbecilizado (livro Sobre livros e a leitura), e a Montaigne, de quem não me separo de seus Ensaios, recorro sempre a Sêneca quando preciso trazer uma certa calma ao espírito, de acertar o caminho para valorar aquilo que menos temos, que é o tempo.
nesse curto e belo livro em forma de carta a Paulino, recheado de aforismos, Sêneca relega poderosos insights sobre como gastamos nosso tempo e, consequentemente, como essa conta fechará no fim da vida. critica a estupidez do desperdício do tempo e àquelas empreitadas nada profícuas, mostrando como ver os problemas com uma atitude estoica, e que não deve influenciar o modo de viver. Sobre a brevidade da vida se revela um poderoso manual que certamente traz luz, não para a falsa ideia de alongar a vida, mas para melhorar aproveitamento do tempo que temos e que nos resta. ou como ele escreveu: “a vida divide-se em três períodos – o que foi, o que é e o que há de ser. destes, o que vivemos é breve, o que havemos de viver, duvidoso, o que já vivemos, certo”. vale!
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