Título: Indignação
Título original: Indignation
Autor: Philip Roth (EUA)
Tradução: Jorio Dauster
Editora: Companhia das Letras
Ano de lançamento: 2008
Ano desta edição: 2009
Páginas: 176
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐⭐
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“Que escolha tinha Marcus, o que mais podia fazer senão, como o Messner que era, como o estudioso de Russell que era, bater com o punho na escrivaninha do diretor e lhe dizer pela segunda vez ‘Vai se foder’?” (pág 167).
Terminar a a leitura de “Indignação”, de 2008, só tenho esta impressão para comentar:
POUCAS VEZES NA MINHA VIDA DE LEITOR EU VI UM ROMANCE SE TORNAR MARAVILHOSO SOMENTE NAS ÚLTIMAS TRÊS PÁGINAS!!!
A impressão em caixa alta acima vem do seguinte: comecei ainda ontem à noite a leitura de um dos últimos livros de Roth (estou feliz em vislumbrar o fim dessa loucura que foi ler todos seus romances!), e fiquei intrigado por um livro, sendo da última fase do meu escritor favorito, sendo já senhor de todas as técnicas, fugir totalmente de tudo que eu havia lido dele antes. Sendo mais claro, à medida que aos trancos e barrancos eu ia avançando em “Indignação”, pensava cá comigo que depois de uma cascata de romances notáveis e perfeitos, era até perdoável que Roth pudesse ter escrito algo ruim, como este, achava eu. Frases sem aquela beleza plástica que te marca; personagens chatos, na verdade insuportáveis, como o açougueiro Messner, pai de Marcus, o narrador do livro; cenas quebradas e sem aquele jogo de trocas temporais que são também a marca de Roth. E o que mais me intrigou era o ceticismo em pensar que Philip Roth escreveria alguma coisa tão ruim, mesmo sabendo que “Nêmesis”, seu último romance publicado e que inclusive já havia lido há alguns anos, é tão bom quanto O acesso da vida ou Pastoral americana. Então como um livro de Roth saíra tão mal escrito?
Ledo engano, ainda bem!
Porque é exatamente nas três páginas finais de “Indignação” que está toda a explicação do restante do livro, onde pude vislumbrar boquiaberto e estupefato, a verdadeira envergadura do escritor americano. O desfecho inusitado – e aí sim pude reencontrar seu inequívoco estilo, sempre sóbrio e brilhante – é a certeza absoluta que um escritor como Roth, apesar de tantos anos de estrada, tantos romances acima da média e mesmo sendo concebido já na fase idosa, pode se reinventar, reinventar sua escrita e maravilhar uma vez mais o seu leitor. Foi exatamente o que senti ao terminar mais uma beleza literária de tantas que Roth produziu.
(PS.: esse livro certamente não merece spoiler de qualquer tipo, portanto, só você lendo-o para conferir! ;p)).
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