Título: Ondas curtas
Autor: Alcides Villaça (BRA)
Editora: Cosac & Naify
Ano desta edição: 2014
Páginas: 112
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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“O menino quer
essa graça do céu cacarejante
essas plumagens de anjos coloridos
esse ti-ti-ti bonançoso
esse cardume de sóis barulhentos
essa extravagante felicidade.
Mas sou pobre.
Ainda que possa um dia
lhe dar o paraíso das galinhas
não terei como sustentar
o menino do seu olhar” (Pag. 83).
Eu já fui bem mais de ler poesia. E eventualmente escrever poesia. Ambos os hábitos acabaram sendo silenciados pela ficção e pela falta de lugar e tempo, essenciais para absorver piamente versos.
Vinicius de Moraes sempre encabeçou minha magra lista de poetas. Seus sonetos, e até mesmo suas crônicas – não isentas de poesia, sempre foi alvo do refúgio ao sentimento, nos dias passados quando vivia de quimeras. Como um cômodo conforto, eu me aquecia em noites solitárias regadas a vinhos e ecos de minha própria existência com os versos do poetinha.
De lá para cá, li muito pouca poesia. Escrevi algumas, que inclusive ganharam a camada extra de melodia e vieram a tornar-se música, que, juntamente com amigos hoje já remotos, tencionamos levá-las ao natural caminho que todo jovem que monta uma banda numa garagem quer.
O pequeno livro do poeta Alcides Villaça, “Ondas curtas”, é um delicado apanhado de 73 poemas, extraindo-se, por meios mínimos, os dramas, observações e toda gama de sentimentos que o autor brinda o leitor, em frases curtas, objetivas, mas que carregam dentro de si um pulsar imanente que faz-nos reviver um tempo que há muito se foi. Suas ondas curtas se propagam, reverberam um que de fascínio pelo óbvio, mas o reinventa com uma tinta nova, traz novo fôlego para eventos já banidos à efemeridade. Do que, uma observação: preciso voltar a ler poesia. Vale!
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