Título: O monge negro
Título original: Tchiornii Monarkh
Autor: Anton Tchekhov (RÚSSIA)
Tradução: Moacir Werneck de Castro
Editora: @roccodigital
Ano de lançamento: 1894
Ano desta edição: 2014
Páginas: 88
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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“Repito: se quer ser saudável e normal, marche com o rebanho” (Posição no Kindle 348).
“Agora me tornei racional e sólido, mais igual a todo mundo: sou uma mediocridade, para mim é difícil viver” (Posição no Kindle 478).
Foi no já distante junho de 2016 que li a pequena coletânea “A corista e outras histórias”, do escritor russo Anton Tchekhov. Na ocasião, tinha me prometido investir mais em outros livros seus, magra e parca minha incursão na obra de um dos maiores novelistas da literatura russa. Como é perceptível, o lapso é enorme. Ai de mim!
Em “O monge negro”, conhecemos a rápida trajetória de Kovrin, um intelectual russo que, devido a um esgotamento, passa uns dias na pequena chácara de um antigo tutor seu. Numa noite, Kovrin vê a estranha figura de um monge, a cuja face enegrecida o deixa inquieto. O monge traz em sua estranha fala, a certeza de que o personagem é um ser excepcional, iluminado, um verdadeiro gênio. É a primeira de muitas entrevistas que terá com o estranho monge, até que, meses depois de já estar casadp com Tânia, a filha de seu antigo mestre, é alertado de que tem conversado “sozinho” pelas madrugadas…
Não há como não causar estranheza um enredo assim, inclinado para o fantástico. Mas, numa reeleita, é possível perceber que o escritor russo foi bastante além de uma mera historieta curta e simplória, mas trata dos processos internos da mente humana, matéria que ganharia notoriedade bem mais tarde, com o advento da psicanálise.
Ainda assim, o grau de significação é bem mais abrangente: desde um relato simbólico da “grandeza” que cada pessoa percebe em si, até questionar até que ponto a loucura pode de alguma forma trazer sentido ao ato de existir.
Tolstói, o maior escritor russo de todos os tempos, abarcou em boa parte de sua obra, o atraso tecnológico de seu país, predominantemente agrícola, diante de nações que já dominavam técnicas e máquinas. Não paro de pensar que Tchekhov tenha usado essa espécie de alegoria como um retrato satírico dessa condição…
Como se vê, uma novela com ares pueris, é capaz de suscitar tamanhas significações, o que só me traz a certeza de que preciso ler mais Tchekhov. Vale!
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