Título: Flores para Algernon
Título original: Flowers for Algernon
Autor: Daniel Keyes (EUA)
Tradução: Luisa Geisler
Editora: Editora Aleph
Ano de lançamento: 1959
Ano desta edição: 2018
Páginas: 288
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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“Quem pode me dizer que minha luz é melhor que a sua escuridão? Quem pode dizer que a morte é melhor que a sua escuridão?” (Posição no Kindle 3234).
Charlie Gordon é um homem de cerca de 30 anos que desde os 17 é empregado de uma padaria onde limpa e faz pequenas entregas. Desde rapazinho não tem qualquer contato com os seus pais e sua irmã mais nova, por quem foi abandono. O motivo: Charlie tem retardo mental, possui um QI de 68 e tarefas aparentemente simples são um desafio nababesco para ele. Seu sonho é “ficar inteligente” para poder ler e escrever, porque sente que isso faria as pessoas gostarem mais dele.
O livro desenvolve a possibilidade de uma operação que possa aumentar a inteligência vencendo, assim, até mesmo os mais sábios cientistas. É uma boa história de ficção científica, embora não tenha nada que nos lembre os feitos interestelares de “Guerra nas estrelas”…
Flores para Algernon é um livro já sessentão: escrito no final dos anos 50, mas que possui ainda um vigor de levar o leitor a reflexões sobre os efeitos (e reveses) que a inteligência em demasia faz com uma pessoa, em especial a quem foi desprovido de um mínimo de capacidade intelectual. É um livro onde o humano sobrepuja a ciência, onde o saber estará sempre aquém do afeto e do amor. Charlie aprende a duras penas que uma grande genialidade não pode comprar o apreço dos amigos, a admiração da família, o amor da mulher amada. Ele inveja ter a inteligência de um rato, de nome Algernon, que sempre o vence numa corrida de labirinto feita como parte dos testes do laboratório onde Charlie é submetido à experiência. E à medida que sua inteligência aumenta, as lembranças vão aflorando, mais ele percebe o imenso “buraco” causado por essa busca por afeto. Por isso o livro tem uma tristeza contumaz: Charlie, em suas duas versões, apesar de fazer valer sua empatia natural, recebe em troca a crueldade de pessoas que não sabem compreender as mudanças pelas quais passou.
O livro de Keyes é um brinde nesse mar de papel impresso inútil. Porque, muito mais que discutir a forma como vemos o diferente, o aumento da inteligência em si, revela o dilema da solidão e da necessidade de relacionar-se. Vale!
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