Título: A praga
Autor: Manuela Castro @manuunb (BRA)
Editora: @geracaoeditorial
Ano de lançamento: 2017
Ano desta edição: 2017
Páginas: 256
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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“(…) mandou colocar uma placa na frente da casa com a palavra ETERNITET, que significa que aquele lugar está condenado para toda a eternidade ” (Pág 195).
É assombroso a quantidade de “sujeira varrida para debaixo do tapete” no Brasil. Se nos dias hodiernos os brasileiros estão constantemente sendo bombardeados pelas nefastas consequências dos desmandos na nossa malfadada política, o que dizer dos milhares de brasileiros que, devido à ingerência e crassos erros dos governantes, sobrevivem à míngua?
Nem todo mundo conhece as execráveis políticas de combate às enfermidades no Brasil. Faz bem pouco tempo atrás, eu sequer ouvira falar de que nos porões da história de nosso país havia ocorrido um verdadeiro holocausto. Me refiro ao livro “Holocausto Brasileiro”, de autoria da jornalista @daniela.arbex, que, numa obra monumental, expõe os reiterados abusos cometidos num manicômio no interior de Minas Gerais. Uma aberração! Da Daniela eu também li “Todo dia a mesma noite”, reportagem maravilhosa (e dolorosa) sobre a tragédia da Boate Kiss, ocorrida em 2013 na cidade de Santa Maria.
Nesse ponto a Editora Geração Editorial tem sido um primor em publicar livros-reportagem de altíssima qualidade e sobre temas polêmicos. É o caso de “A PRAGA”, um super documentário da lavra da maravilhosa jornalista Manuela Castro. Trata, como o próprio título, sobre como o país se utilizou de métodos – muitos deles cruéis – para tratar o problema da Hanseníase no Brasil. Mas, mais que isso, Manuela resgata o terrível e obscuro momento da nossa claudicante história: o drama vivido por pessoas – BRASILEIROS – acometidos por uma doença tão devastadora fisicamente quanto emocionalmente. Isso porque, desde tempos remotos, a lepra sempre causou horror nas pessoas e foi motivo de implementação de verdadeiros guetos, onde os doentes eram banidos da sociedade.
No Brasil, mesmo com a cura alcançada desde os anos 80, a doença continua sendo “carregada” pelos ex-moradores das colônias de isolamento e seus descendentes. É quando a chaga ultrapassa os limites do corpo e atinge em cheio o anseio de poder ir e vir sem qualquer tipo de preconceito, infelizmente, ainda existente. O livro retrata dramas e vidas reais, a luta pela reparação de tantos desrespeitos causados pela falta de uma política de reinserção social bem como os atuais movimentos de combate ao preconceito a ex-portadores da moléstia. É uma obra essencial, embora nada fácil de se ler, para entender os processos e erros que causaram feridas ainda mais difíceis de carregar que a Hanseníase.
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