Título: Beatriz
Autor: Cristóvão Tezza (BRA)
Editora: @grupoeditorialrecord
Ano de lançamento: 2011
Ano desta edição: 2013
Páginas: 144
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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“O leitor é crédulo — acredita no que está escrito e acredita nos que escrevem. Os que escrevem têm ‘o dom’. É aí que fazemos a festa” (Posição no Kindle 149/9%).
Já faz algum tempo que li “O filho eterno”, considerado talvez a melhor obra do escritor curitibano Cristóvão Tezza. E de fato é um livro muito bom e baseado no drama real de como é ser pai de uma criança portadora da Síndrome de Down.
Por acaso, topei com Beatriz: são sete contos, e em cada um deles acontece basicamente o encontro de Beatriz, revisora e professora particular de português, jovem e divorciada, com um personagem diferente, em situações diferentes. Sempre, no entanto, existe um elemento que torna o encontro um tanto estranho, como se para torná-lo digno de ser contado. Em Aula de reforço, ela é contratada por uma mãe super-protetora e com segundas intenções para dar aulas de português para um adolescente; em Beatriz e a velha senhora ela acaba por escutar a confissão de um crime; em Um dia ruim ela é contratada para revisar um trabalho de cunho racista escrito por um velho, que acaba morrendo quando ela chega na casa dele. Com isso já se pode ter uma ideia do inusitado de algumas situações. Os sentimentos despertados também se alternam, sendo que se as vezes as coisas parecem muito engraçadas, em outras tudo é muito terrível. Outras vezes, como em O homem tatuado, há um lirismo sutil, que empresta uma espécie de alegria melancólica ao conto.
O resultado, no entanto, não é mau. Eu diria até que fica bastante próximo dos romances, com as mesmas qualidades e alguns defeitos, coisa que não tira o valor da obra. Gostei particularmente do primeiro conto, Beatriz e o escritor, e de O homem tatuado, principalmente por retratarem não só os ditames porque os escritores passam como a própria relação do leitor com o livro. O prefácio é outro elemento que ajuda a deixar o livro com um tom mais interessante. Vale!
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