Título: Adeus, Columbus
Título original: Goodbye, Columbus – and five short stories
Autor: Philip Roth (EUA)
Tradução: Paulo Henriques Britto
Editora: @companhiadasletras
Ano de lançamento: 1959
Ano desta edição: 2006
Páginas: 288
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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“O que havia dentro de mim que transformara aquela perseguição e sofreguidão em amor, e depois o virara do avesso outra vez? O que havia transformado vitória em perda, e perda – quem sabe? – em vitória?” (Posição no Kindle 1978/46%).
Adeus Columbus, de 1959, é o primeiro livro publicado de Philip Roth, o renomado escritor americano de boa parte da melhor literatura dos anos do século XX e XXI, morto há algumas semanas. Conta com a novela que dá título ao volume e mais cinco contos, (A conversão dos judeus, O defensor da fé, Epstein, Não se julga um homem pela canção que ele canta e Eli, o fanático) todos praticamente tendo como pano de fundo o judaísmo, as implicações de classe e raça e o tratamento crítico aos costumes judaicos.
Roth tinha apenas 27 anos quando o livro foi publicado, mas, mesmo se tratando de uma obra de “revelação” certamente não é uma obra de um iniciante. Ali já é possível encontrar elementos que seriam cruciais e largamente desenvolvidos em livros posteriores como “O avesso da vida” e a própria Trilogia Americana, onde as alfinetadas de Roth à questão judica são mais contundentes e polêmicas. É um livro essencial, servindo de ponta-pé inicial para se adentrar na densa prosa rothiana, cujos matizes e nuances, as inúmeras quebras temporais, o próprio engajamento de questões que abalaram o círculo de intelectuais que viam Roth como mais um escritor soberbo e boçal, mas que encantou e encanta.
Roth, por sua própria sofisticação, não é um autor fácil de ser lido, mas não lê-lo é um erro imperdoável. Toda a sua lavra literária causa uma espécie de frisson intelectual, suplantar cada romance seu é uma aventura prazerosa e a certeza de que se está diante de um romancista que sempre buscou desmistificar o american dream da melhor forma possível: mostrando-o de dentro para fora.
Particularmente gostei bastante de Adeus, Columbus, de Epstein (espécie de sátira de costumes) e de O defensor da fé, onde Roth narra a história de Nathan Marx, um graduado do exército americano que trabalha com recrutas. O próprio título deste conto é um tanto contraditório porque Marx, que é judeu, ao perceber que recrutas de mesma religião se aproveitam dessa condição para obter privilégios, encontram no próprio Marx um defensor de ideais muito acima dos costumes judaicos. É um belo livro, definitivamente! Antes de ler essa pequena coletânea, eu sempre sugeria aos leitores que queriam iniciarem-se na obra do romancista a começar a ler Roth por seus livros tardios. Ledo engano meu. Certamente a melhor forma de entender o ideário literário de Roth é por seu livro de estréia, que nas palavras de Saul Bellow, “apesar de ser um livro de estréia não é um livro de iniciante”.
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