Título: Todo dia a mesma noite – A história não contada da Boate Kiss
Autora: Daniela Arbex (Brasil)
Editora: @intriseca
Ano de lançamento: 2018
Ano desta edição: 2018
Páginas: 248
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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O dia 27 de janeiro de 2013 é uma data que certamente ainda será responsável por uma grande profusão de sentimentos. Sobretudo para os moradores de Santa Maria, cidade que dista 291km da capital gaúcha.
Nesse dia, como todos sabemos, 242 jovens perderam suas vidas no maior incêndio (em termos de vítimas do Brasil) ocorrida em uma boate na Rua dos Andradas. Durante um show onde foram utilizados fogos de artifício, o interior da boate Kiss, superlotada, começou a pegar fogo, que rapidamente se alastrou devido à grande quantidade de material (espuma) utilizado para diminuir o escapamento sonoro.
As pessoas ali demoraram a perceber o que estavam acontecendo, e o próprio ambiente não tinha vias livres por onde a fumaça tóxica pudesse escapar, nem saídas de emergência que atendesse aos mais de mil pessoas que se espremiam no espaço limitado. O pânico, inevitável, levou muitos a serem pisoteados, esmagadora pela enorme massa humana, sôfrega por ar, tendo em vista que a fumaça, a alta temperatura que se elevava rapidamente e a fuligem foi fazendo mais e mais vítimas…
Isso todos sabemos.
No relato pungente deste livro, da lavra da jornalista Daniela Arbex, traz uma história mais completa, que abarca não só as versões oficiais, nem somente os detalhamentos da mega operação para salvar aqueles que ainda conseguiram sair vivos da boate Kiss. Ele como que amplifica as últimas horas vividas por muitas das vítimas desta grande tragedia, enobrece a abnegação e empenho dos segmentos médicos e operacionais que deram de tudo para tentar diminuir as perdas que já eram tantas, traz os detalhes colhidos dentro das famílias que em comum, perderam algum ente querido.
Não é um livro fácil de se ler. É, antes, dolorido. Mas necessário para termos ideia de como a irresponsabilidade de alguns pode gerar consequências funestas para muitos, ou de como é possível imaginar o desespero daquelas muitas vítimas, que buscaram sair ilesas de uma nefasta câmara de gás moderna (perdoem-me a alusão) mas foram engolfadas pelo gás cianeto que se desprendeu da espuma incendiada e que ceifou vidas ainda tenras em poucos minutos.
Daniela Arbex, eu conheço desde 2012, quando li outro livro seu, aliás, outro excelente trabalho, o “Holocausto Brasileiro”, que traz à tona a história de um verdadeiro matadouro humano, o Hospital Colônia de Barbacena, entranhado bem no coração de Minas Gerais e que poucas pessoas conhecem a história. Estou também com outro trabalho seu, o “Cova 312”, outro premiado livro que a autora, sempre profícua, nos lega.
No seu último trabalho, a maestria da sua pena, o olhar humano às vezes tirando a crueza do relato, emociona e indigna, traz uma inevitável compaixão pelas famílias mutiladas, informa e esclarece, nos lembra o quanto a dor está perto de cada um.
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