Antes que este post seja alcunhado como clichê, mais uma lista, mais uma foto de livros lidos, tenho de dizer que listas e diários são essenciais ao ser humano por serem o marco de pretenções e realizações.
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Em 2017, apesar de tê-lo concebido como um ano de boas realizações, não foi — para ninguém, acho — um bom ano. Se fosse resumi-lo em uma única palavra, esta seria “desafio”.
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Na infindável busca por bons livros para ler, não posso dizer que tive um 2017 ruim. Foram muitas descobertas, algumas decepções, que culminaram desse mar de capas, essa orgia literária nem sempre profícua e duradoura…
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Agora, aos números: foram 16.052 páginas lidas em 61 livros. Desses 31 foram livros de papel (há tempos não lia tanto em livro físico, mas percebo uma volta sistemática ao modo como aprendi a ler, embora seja adepto das facilidades dos livros digitais, que todos conhecemos…) e 30 foram e-books que li no kindle ou similares.
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Alguns foram um ótimo achado para mim, autores inéditos que incorporei numa outra lista, de livros a ler num futuro. Paul Auster com sua Trilogia de Nova York, Kamel Daoud com o seu O caso Meursault, David Grossman com seu O inferno dos outros, a escrita sinestésica de John Banville em O mar, a irrealidade imediata de Max Blecher, um primor de livro, a escrita descritiva (e às vezes redundante) de Donna Tartt em sua A história secreta, a confissão de Tolstói, o drama dos que não enxergam de Saramago, livro maravilhoso, a Cannery Row de Steinbeck, o mundo das aias de Margaret Atwood e claro, o primeiro volume da tetralogia do Coelho, de Updike (não tem desculpa, em 2018 lerei os demais livros!) fazem parte dessa imersão primária à obra do autor. Teve até um pouco de literatura policial com as aventuras do Comissário Guido Brunetti, da autora americana radicada em Veneza, Donna Leon, de quem li três livros da série.
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Houve ainda alguns autores que figuraram em minhas leituras, mas que não me causaram tanto enlevo, como o Joe Speedboat de Wieringa e o livro que mais odiei além de Um copo de cólera, do Raduan Nassar, foi o Pedro Páramo, que só li por ser um romance afiançado por Gabo e Vargas Llosa! Há ainda alguns bons livros, mas que ficaram nas três estrelinhas (minha forma de classificar os livros que leio, que vão de 1 a 5 estrelas), como a epopeia de Dino Buzzati, O deserto dos tártaros, o Stoner do John Williams, o A vida em espiral, do senegalês Abasse Ndione, e um livrinho do Ferenc Molnár (autor do maravilhoso Os meninos da Rua Paulo), O poste de vapor, entre outros.
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Este foi um ano que li autores preferidos. Teve Jorge Amado, teve o achado O largo da Palma, de Adonias Filho, teve a volta a Milton Hatoum com seu magistral Dois irmãos. Philip Roth e Don Delillo figuraram bastante nessas leituras. Patrimônio, Homem Comum, Os fatos e Pastoral americana foram os lidos. Do Delillo li seu magistral Zero K, um livro apocalíptico excelente! Também li muita Elena Ferrante, culminando com toda a Tetralogia Napolitana, e como sentirei saudades de Lenu e Lilla!
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Autores brasileiros contemporâneos estiveram presentes também nessas experimentações. Michel Laub (O tribunal da quinta-feira), Marcelo Maluf (A imensidão íntima dos carneiros), Heloísa Seixas (Agora e na hora), Julian Fuks (A resistência), Cristóvão Tezza (O filho eterno), Gustavo Ávila (O sorriso da hiena) foram os escritores brasileiros que peguei para ler. Sei que ainda faltam Bernardo Carvalho, Joca Terron, Daniel Galera,
autores com relevância reconhecida, que sem falta lerei em 2018.
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E claro, os amores, livros que me encantaram profundamente ou me desvendaram a vida de autores que anelo. Ter lido a biografia literária do Roth, da Claudia Roth Pierpont foi um alento. Tenho de citar um livro que me tocou bastante, do catálogo da Rádio Londres, que foi o Coração e Alma, da francesa Maylis de Kerangal, livro simplório e profundo ao mesmo tempo. Mas o posto de best the best vai para o pequeno “Aos 7 e aos 40”, do brasileiro João Anzanello Carrascoza, o livro que mais me tocou, surpreendeu, me emocionou, me deixou com lágrimas de saudade e um buraco de ausência no coração. Esse livro falou muito para mim, fala muito sobre mim, me levou a um passado que eu julgara esquecido…
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Para não ficar muito longo este post eis meu ranking dos 10 mais:
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10°- Roth libertado – Claudia Roth Pierpont
9°- Homem comum – Philip Roth
8° – Patrimônio- Philip Roth
7°- A Trilogia de Nova York – Paul Auster
6°- Tenda dos milagres – Jorge Amado
5°- Dois irmãos – Milton Hatoum
4°- Coração e alma – Maylis de Kerangal
3°- O filho eterno – Cristóvão Tezza
2°- O largo da Palma
1°- Aos 7 e aos 40 – João Anzanello Carrascoza
Balanço de leitura 2017
31/12/2017 por Paulo Sousa
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