Título: O vento que arrasa
Título original: El viento que arrasa
Autora: Selva Amada (Argentina)
Tradução: Samuel Titan Jr.
Editora: Cosac Naify
Ano de lançamento: 2012
Ano desta edição: 2015
Páginas: 125
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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tudo se passa entre uma tarde e um amanhecer: o reverendo pearson e sua filha elena param numa oficina de beira de estrada para reparar o carro defeituoso que os levavam numa missão evangelística. lá conhecem o dono da oficina, gringo brauer e seu assistente tapioca.
seria algo banal demais não fosse o talento da escritora argentina selva amada em descrever cenas tão simples mas tão emolduradas de cores e texturas. a aparente singeleza dos personagens, as suas introspecções incluindo-se aí a do o cachorro “baio”, no detalhamento das “sensações” do animal ao pressentir a chuva (essa cena me fez lembrar a baleia de vidas secas…), um suspense entranhado nas ações e palavras de brauer e na enfática insistência evangelizadora do reverendo deixam o leitor preso, o que já é um grande ponto positivos nesse pequeno livro.
como que ficamos imersos no desenrolar da história, mas é perceptível que algo irá eclodir, um êxtase violento começa a se formar naquele espaço diminuto onde as quatro personagens estão inseridas. um imanente conflito entre sagrado e terreno, o fantástico e o concreto, misturados num lirismo dão ao romance um atrativo a mais que vale a lida!
“daquela manhã em diante, o reverendo pearson passou a se apresentar como um pastor viúvo com uma filha pequena para criar. um homem nessa condição gera automaticamente confiança e simpatia. um homem a quem deus arrebatou a esposa na flor da juventude, deixando-o sozinho com uma criança pequena, e que mesmo assim segue em frente, firme na fé, inflamado pela chama do amor de cristo – um homem assim é um homem bom, um homem a quem se deve escutar atentamente.” – pág 38.
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