Título: Zero K
Título original: Zero K
Autor: Don Delillo (EUA)
Editora: @companhiadasletras
Ano de lançamento: 2016
Páginas 272
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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tomei conhecimento da obra de don delillo através de uma entrevista de philip roth onde ele citava alguns autores contemporâneos que mereciam ser lidos. Além de delillo, roth citara joyce carol oates, de quem li “as cataratas”, um romance perturbadamente psicológico e intricado por dramas de pessoas comuns.
à época também li “ruído branco” o aclamado romance de delillo que lhe angariara o american book award de 1985, cujas páginas contam a história de um professor universitário que vive numa cidade do interior evacuada por um acidente industrial.
em zero k delillo atinge um ápice literário magistral. antevendo um futuro ainda incerto e sem nitidez, o autor concebe a história de Jeffrey Lockhart, que, a convite do pai, viaja para um lugar remoto onde são desenvolvidas técnicas de criogenia voltadas para a conservação do corpo humano. diante de tantas perguntas, horrores e anseios, jeffrey vai nos apresentando o ambiente do projeto convergência, cujo pai é um dos criadores.
mas ele não está ali por acaso: na verdade vai presenciar a “morte” da sua madrasta artis, cujo corpo será conservado numa cápsula e “ressuscitado” num futuro remoto…
delillo traz através desse romance, antigos debates sobre o estudo da imortalidade humana, sobre o sentido do existir, a latência existencial do corpo ao ser “desligado” é posto para hibernar em cápsulas cujas temperaturas chegam à marca do “zero k”.
o romance, páginas não muito fáceis de ler, mistura ambivalências existenciais, o próprio medo do futuro calamitoso marcado por guerras e pestilências cada vez mais intensas e a busca por respostas ante à discrepante concepção de uma eterna existência num mundo cada vez mais fragilizado.
delillo está mais atual do que nunca. obrigado, roth!
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