Título: Roth libertado
Título original: Roth unbound
Autor: Cláudia Roth Pierpont (EUA)
Tradutor: Carlos Afonso Malferrari
Editora: @companhiadasletraa
Ano de lançamento: 2014
Ano desta edição: 2015
Páginas: 460
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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Se há certa temeridade de minha parte em reler alguns autores (como os verei nessa releitura?), há enorme frisson ao ler biografias de escritores que amo e de cujos livros me dedico a ler.
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Já é notória minha predileção especial por Philip Roth. Maior escritor americano vivo, compôs uma magistral obra literária cujos livros, aclamados (muitos) e odiados (outros tantos) que são um verdadeiro retrato da sociedade americana sob uma ótica devastadora, crua e sem censura. Livros como “O complexo de Portnoy” e “O animal agonizante” causaram polêmica e severas acusações de misoginia ao autor, mesmo anos depois de publicados. Temas espinhosos como a questão judaica, o sexo, a crise de identidade aos valores americanos, são recorrentes em seus livros, mas sempre numa roupagem que instiga o leitor.
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Mas Philip Roth teve, à sua maneira, suas fases também. Com o passar dos anos de uma carreira literária que já viu de tudo (Roth está com 84 anos), Roth pode ambientar seus temas, para muitos repetitivos mas não pouco instigantes, em livros mais curtos e mais objetivos. “Urgência” foi uma palavra usada pela autora desta biografia, como se o próprio Roth, antevendo seu fim, quisera poder exaurir tudo o que passava em sua mente inquieta.
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Este livro conta a história da carreira literária de Philip Roth. Não fugindo ao clichê, Cláudia Roth buscou nas muitas horas de conversas com o autor, no atento exame de seus arquivos, a inspiração para cada livro seu, e consequentemente o cenário em que foram concebidos sem deixar de considerar as próprias motivações do escritor. Roth nasceu em Newark, vindo de uma família judia de classe operária. Diversos aspectos de sua infância até o ingresso na universidade são pano de fundo em seus livros, mas neste livro magistral, vamos acompanhando a trajetória de Roth até que seus primeiros contos (Adeus, Columbus), sejam publicados e ganhem notoriedade no meio literário iniciando uma carreira inquestionavelmente notável.
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Com os anos vieram os demais livros que cravaram definitivamente o nome de Philip Roth no time “A” da literatura norte-americana, mais que merecidamente. Cláudia Roth, numa prosa ágil e dinâmica, vai destrinchando cada livro (há muitos spoilers, é verdade, mas nada que atrapalhe a expectativa de lê-los), os bastidores da sua vida amorosa nada frugal e claro, as ligações com outros colossos da literatura, como a notável e longa amizade de Roth com o também escritor Saul Bellow e as querelas entre Roth e John Updike, outro escritor que gosto muito, e que separaram os dois depois de Updike ter escrito um artigo que desagradou profundamente a Roth, motivo do fim da amizade entre os dois.
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Eu ainda não li todos os livros de Philip Roth. Comecei justamente pelo último dele, o “Nêmesis”. Vieram depois “O avesso da vida”, “A marca humana”, “Patrimônio”, “Homem comum” e o último dele que li, o bombástico (literalmente) “Pastoral americana”. Mas percorrendo atentamente as páginas de Cláudia Roth Pierpont, sabendo detalhes de livros que ainda lerei, não tira a expectativa de encontrar ali mais uma dose cavalar desse que é para mim a marca suprema da América em forma de literatura.
Livro lido – Roth libertado, de Cláudia Roth Pierpont
01/10/2017 por Paulo Sousa
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