Título: Aos 7 e aos 40
Autor: João Anzanello Carrascoza (Brasil)
Editora: Cosac Naify
Publicado: 2013
Páginas: 160
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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Carrascoza, o que você fez comigo? 😥
Acabei de terminar a leitura desse livro maravilhoso (foram menos de doze horas para lê-lo) e estou simplesmente arrasado com essa escrita devastadora do escritor paulista João Anzanello Carrascoza.
“Aos 7 e aos 40” conta duas histórias paralelas, na verdade a mesma história, de um mesmo personagem, em dois fluxos diferentes, aos 7 anos de idade e depois na idade adulta, aos 40 anos. Para dar maior impacto nesse enredo o projeto gráfico sublime da Cosac Naify — por que nos deixou? — intercalando esses fluxos um na parte superior da página e o outro, na inferior aliado às páginas verdes (nunca tinha visto nada igual) faz desse livro uma verdadeira obra de arte em todos os sentidos!
Embora singelo, às vezes até juvenil, é um livro de uma profundeza inacreditável, de uma beleza poética que ainda não encontrei em nada que li este ano. O livro me tocou tanto, invadiu um terreno caro para mim — o das lembranças dos meus tempos meninos na distante Floriano, minha cidade natal, onde não ponho os pés desde 1994, tamanha a simbiose da história do livro com a minha própria.
O livro, além de me emocionar deveras, devido ao alto grau de identificação, me fez e está fazendo pensar muito. Iso porque, a história, muito mais que memorialística, materializa o resultado das sementes que um dia começamos a plantar lá atrás e o resultado delas inevitavelmente colhidas no agora. Não tem a pretensão de ensinar algo, uma espécie de “manual de como viver”, com truques e conselhos do que fazer ou não. Se há algum grande ensinamento este se dá na busca e manutenção das preciosas lembranças que, afinal, são nossa construção e que um dia, obra já concluída, recomeçará unindo as duas pontas do tempo num laço de saudade e reflexão.
Definitivamente estou numa ótima sequência na leitura de excelentes livros, e o que é melhor: todos brasileiros! O “Agora e na hora” da carioca Heloisa Seixas, o “A imensidão íntima dos carneiros”, do Marcelo Maluf, o “O tribunal da quinta-feira”, do Michel Laub, o “O passageiro do fim do dia”, do mestre Rubens Figueiredo, e agora essa lindeza de livro, que me faz perguntar:
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Carrascoza, o que você conseguiu fazer comigo?…😥
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