Título: A imensidão íntima dos carneiros
Autor: Marcelo Maluf (BRASIL)
Editora: Reformatório
Publicado: 2015
Páginas: 156
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️
___________________________________________
A leitura desse livro me fez lembrar de “Dois irmãos”, do Milton Hatoum, primeiro livro que li este ano, por diversas razões.
Entre elas, a beleza poética, com seus cheiros, cores, tessituras, movimentos e sons, tão presentes na prosa de Hatoum, que nos envolve numa elegia de concretudes idiossincráticas marcantes.
Por descrever a beleza histórica e geográfica do Líbano, este país distante, mas que devido aos laços construídos por libaneses que vieram para o Brasil enriquecendo-o com seu sotaque forte, seus costumes marcantes, sua culinária unica estreitaram a distância através da sua cultura. Hoje, eu não posso imaginar uma Manaus (Deus queira que eu a conheça um dia!) sem pensar na grande contribuição libanesa para o embelezamento da capital manauara que Hatoum retratou tão divinamente bem em “Dois irmãos” e em Maluf pude recordar aquelas páginas.
Mas, a despeito de tão bons aspectos, este é um livro sombriamente triste e poético. A história da “redenção, sacrifício e transformação” de Assaad, patriarca de uma família nascida no Brasil, mas iniciada no Líbano sob a ocupação otomana. A trágica reconstrução do passado, evocando suas dores e, sobretudo o medo, foi a sua escolha. Nas páginas líricas e embargadas de um prosa fantástica, onde homens e animais se simbiotizam, Assaad busca expurgar o dia em que o medo fê-lo perder seus irmãos. A jornada escolhida não é fácil, mas não há saída para se chegar à imensidão íntima de si mesmo, nos ensina Assaad sob a voz de Marcelo.
“A imensidão íntima dos carneiros”, primeiro romance de Marcelo Maluf, é um brinde de poesia em prosa para a literatura brasileira, um livro capaz de nos fazer sentir o mistério do ser e do existir ou quem sabe apenas nos levar ao interesse pelas ondas do mar…
Deixe um comentário