Título: Uma confissão
Título original: Ispoved
Ano de publicação original: 1879
Autor: Liev Tolstói (Rússia)
Editora: @mundocristao
Publicado em: 2017
Tradução: Rubens Figueiredo
Páginas: 127
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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Liev Tolstói, o gênio criador de Guerra e Paz e Anna Kariênina, era um homem de fases. Numa delas, chegou a contestar a qualidade da obra de Shakespeare, o aclamado escritor inglês. Ao ler toda a obra literária do Bardo em russo, inglês e francês, chegou à conclusão que Shakespeare era uma farsa, tamanha a péssima qualidade de seus personagens.
Nesse pequeno livro Tolstói expõe uma de suas crises mais agudas: a da fé, e ele a sentiu de tal forma que pensou em desistir da vida dar cabo dela.
Seria um tanto sádico dizer que um livro com uma temática tão sombria possa trazer o embevecimento comum aos leitores que estão diante de um grande livro de um grande escritor. Mas é exatamente isso que acontece ao ler as páginas repletas de incerteza, vazio e desilusão. Tolstói é um mestre; mesmo expondo suas mais profundas aflições, a pena do grande romancista vem à tona, ganha espaço apesar da dureza de suas páginas. Os laivos filosóficos, as comparações bíblicas, a busca por respostas na simplória vida do camponês, esses ingredientes fazem a confissão de Liev ser uma obra prima da Biblioteca Gloriosa, como gostava de se referir aos grandes livros a escritora e ensaísta Susan Sontag.
Tolstói mostra toda a força de sua humanidade. Ele descreve com detalhes a hipocrisia que muitas vezes sentiu diante dos complexos processos que engessavam a fé; busca em Schopenhauer e em Salomão os aforismos que por um lado lhe mitigam a vontade de viver e por outro traz a certeza de que a existência tem um propósito. O homem que odiava o ser humano mas que amava a humanidade, também se mostra fraco, como qualquer um de nós!
O livro, embora pequeno, é um verdadeiro tratado para todo aquele que acha que não tem respostas. Ali, será possível enxergar as proprias dúvidas existenciais; o próprio asco em simplesmente ver toda a maldade por traz das próprias intenções. Ali será possível enxergar o caminho de volta ao querer viver, lindamente ilustrado pelo sonho do grande escritor russo. Ou seja, todo o livro é um soco no estômago, dado pelo mais frio cossaco russo. Mas também é, sem dúvida, um grande livro para todo amante dos livros mais que essenciais.
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