Título: Vida e destino
Título original: Jizn i sudbá
Ano de publicação original: 1983
Autor: Vassili Grossman (Rússia)
Editora: Alfaguara
Publicado em: 2014
Tradução: Irineu Franco Perpétuo
Páginas: 920
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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Considerado a versão de Guerra e Paz da Segunda Grande Guerra, Vida e destino é o relato épico do grande conflito bélico de 1939 a 1945 enfocando as investidas das tropas russas contra o exército alemão.
O eixo da narrativa gira em torno das famílias Chapochnikov e Chtrum, mas Grossman vai delineando seu soberbo romance em diversos micro-núcleos narrativos, que de certa forma dão certa velocidade à leitura desse calhamaço de mais de 900 páginas.
A visão de Grossman, ele mesmo expectador da carnificina gerada pelos confrontos entre russos e alemães, delineia a forma como o nazismo e o stalinimismo foram de fato manifestações de um mesmo modus operandi genocida que impactou negativamente as gerações posteriores.
É uma leitura tocante e por isso nada fácil: em diversos pontos chega mesmo a causar desconforto ante o horror das atrocidades cometidas sob a égide de dois ditadores ávidos pelo simples poder, Hitler e Stálin. Mas memoráveis são as várias passagens onde o autor, em arroubos filosóficos, fala da amizade, do bem e o mal, e — um dos trechos que mais me tocou — a agonia vivida nos restantes minutos de vida dentro da câmara de gás.
Vida e destino não é um mero romance. É um diário de guerra e, embora não possua o mesmo colorido literário vasto no Guerra e Paz de Tolstói, merece permanecer sendo lido e compartilhado como o retrato claro e caro do que o ser humano é capaz de fazer com seu semelhante.
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