Título: Agora e na hora – romance
Autor: Heloísa Seixas
Ano de publicação: 2017
Editora: @companhiadasletras
Páginas: 144
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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Numa rápida missão em São Paulo, na corriqueira passagem pelas livrarias da cidade, e mais especificamente na Saraiva do Ibirapuera, em meio àquele mar de páginas e lombadas coloridas, acabo encontrando este volume, “Agora e na hora”, da escritora carioca Heloísa Seixas.
O livro conta a história de um escritor frustrado com seu próprio fracasso literário e que, às vésperas do nascer de um novo dia, decide tirar a própria vida num desfecho milimetricamente planejado: se mataria e seu corpo seria encontrado sobre os manuscritos de um livro seu inédito. É o êxtase que espera sua carreira literária tenha.
Acontece que nem tudo o que planejou deu certo, porque um tumor intratável, meses atrás descoberto, se apropriou de sua obra, tomou a direção dos acontecimentos destituindo-o de ser o autor de seu próprio suicídio e dar um gran finalle às avessas a sua obra. A doença fê-lo morrer. Uma amiga sua ao encontrar os escritos do finado, decide publicá-los num único volume. E é assim que adentramos as páginas de Agora e na hora, essa pequena pérola da literatura brasileira.
Que foi um achado maravilhoso! Embora o título venha cunhando o volume como sendo um romance, são, na verdade, um conjunto de pequenos contos, que o escritor desejou relegar a seu póstumo reconhecimento literário, e que invariavelmente giram em volta da morte e do ato de morrer. Utlizando-se de inferências reais do mundo literário como as trágicas mortes de Camus, Plath e Bierce, ele se vê numa espiral intensa, onde a desmarginação de autor e criatura se confundem e se perdem, numa roda viva de sentidos, texturas e disfarces que inevitavelmente atordoam o leitor.
É um livro visceral, daqueles que prendem o leitor com pitadas — bem dosadas — de mistério, crueza, sinestesia… Cada conto, por si só, já merece aplausos, fogem aos lugares comuns, são muito bem cosidos e entremeados. A amiga do autor, inserida na trama, percebe que, embora as temáticas deles sejam diversas, somente teriam importância capital se publicadas num único volume. De fato, aquele autor suicida, ou suicida autor, sai da vida para a morte com inegável reconhecimento. A tragicidade sendo a mola mestra do sucesso! E quanto a Heloisa Seixas, bem, é uma escritora dos diabos de tão boa.
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