Título: História da menina perdida
Título original: Storia della bambina perduta
Autor: Elena Ferrante (Itália)
Ano de publicação: 2017
Tradução: Maurício Santana Dias
Editora: @globolivros
Páginas: 480
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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Eu não cresci entre os livros por não possuí-los nem ser egresso de uma família de leitores. Mas busquei sempre estar no meio deles. E, passados tantos anos e milhares de páginas lidas e acumuladas nos silêncios de tantas horas de leituras, não posso recordar se alguma vez tenha lido um livro (ou melhor, um único livro dividido em quatro!) que tenha mexido tanto com minhas emoções.
Esta a impressão que me toca ao terminar o último volume da Tetralogia Napolitana, iniciada lá atrás com A amiga genial. Nesse último livro, Lenu descreve a derradeira parte de sua história e de sua — para sempre — amiga Lina. Numa espécie de acerto de contas, ela se vê diante de um embate que envolve os desdobramentos políticos na Nápoles e em toda a Itália, o fim definitivo de seu avassalador romance com Nino, as transformações no bairro, nas filhas e no que sobrou daquela trupe que todos acompanhamos desde os anos 60.
Me referi a acerto de contas porque na fase madura é comum as pessoas reverem toda sua caminhada, fazer uma análise de erros e acertos e é o que Lenu conclui: ao revisitar aquela parte da sua história ela que como finalmente enxerga que o bairro, a própria Nápoles, e claro Lina são partes indissociáveis de si mesma, sendo impossível fazer esse acurado autoexame sem perceber pinceladas de suas origens, da amiga de uma vida inteira.
Definitivamente Elena Ferrante — que escritora! — me encantou nesse último livro, foi o que mais gostei. Mesmo nas várias mudanças de opinião que — ainda — tive, sem saber ao certo de quem gostava mais ou menos, se de Lenu, se de Lina. Mesmo quando Lenu em várias vezes e mesmo já uma mulher madura e decidida ainda se veja perdida na grande maré de incertezas que sempre a deixaram perdida. Mesmo na parte mais dura e triste do livro, onde acontece definitivamente a perda de Lina, ainda assim Ferrante me impressionou, se fez apaixonar, e a voz de Lenu consegue findar a tetralogia com uma grandeza literária que fica difícil até mesmo resenhar ou reduzir tanta emoção num espaço mínimo de uma resenha. Se ao terminar a leitura da Trilogia “O Tempo e O Vento”, de Erico Veríssimo, eu me senti órfão da Santa Fé de Rodrigo Cambará e do velho Sobrado, sem dúvida ter passado tanto tempo entre Elena Grecco e Rafaella Cerullo naquele bairro criaram uma ligação sentimental que transita entre a alegria e a tristeza, vai deixar uma grande saudade…
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