Título: Questão de ênfase – Ensaios
Título original: Where the stress falls
Autor: Susan Sontag (EUA)
Ano de publicação: 2005
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: @companhiadasletras
Páginas: 448
Minha classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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A coletânea de ensaios da escritora e crítica de arte norte-americano Susan Sontag é um primor das letras. Sendo meu primeiro contato com a autora de “Questão de ênfase”, não poderia ter sido mais feliz.
Nesse livro estão reunidos mais de 40 artigos de Sontag, que vão desde a análise da obra e escrita de Roland Barthes, Machado de Assis e Jorge Luis Borges até a experiência da autora ao produzir uma peça de Samuel Beckett em Sarajevo.
Mas Susan Sontag não se limitou a análise da literatura. Excelentes ensaios sobre diários de viagens, fotografia, dança e o conceito de cultura são encontrados nesse volume cuja tradução do mestre Rubens Figueiredo coroam o livro.
Os ensaios, todos eles, são deliciosos de se ler, apesar da profundidade do tema e de como a autora expõe sua crítica. A escrita, de uma límpida clareza apesar da inteligência com que as frases são escritas tornam a literatura de Susan Sontag acessível a qualquer leitor disciplinado. Sem falar no ganho cultural, já que ela apresenta, além de escritores super conceituados como Borges e Barthes, tomei conhecimento de um escritor polonês chamado Danilo Kiš, de quem pretendo buscar algo para ler.
Magistral é o ensaio de Sontag sobre o “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (texto que foi afinal o que me fez decidir a ler o livro). Ali, Sontag esclarece que é um demérito Machado não ter sido amplamente traduzido para as línguas europeias, ou mesmo exportado como alguns autores de lingua espanhola da América Latina. Machado foi contemporâneo de outros grandes baluartes da literatura mundial como Eça de Queiroz e quase com o próprio Tolstói. Se tivesse publicado seus livros em francês ou mesmo em inglês, talvez estaria definitivamente fincado na galeria da “Grande Biblioteca”, referência de Susan Sontag aos magistrais clássicos da literatura. E eu não ficaria tão tristemente surpreso de saber que Philip Roth lera apenas um livro de Machado, tão escassa a sua obra nos Estados Unidos…
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