Lido 2°/Jan//2°/2017
Título: Stoner
Primeira publicação: 1965
Autor: John Williams (EUA)
Editora: @radiolondreseditores
Páginas: 306
Minha classificação: ⭐⭐⭐
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Já no primeiro parágrafo me perguntei como John Williams conseguiu desenvolver este livro improvável.
E, vencidas as páginas do romance, continuo insistindo no absurdo desse livro que, de tão simplório, chega a ser incomum de tão banal.
Mas é exatamente através do incomum e banal que Stoner é, seguramente, um livro que traz muito o que pensar.
A trajetória nada singular de Stoner, desde suas origens rurais até se tornar professor titular de uma matéria relevante na Universidade de Missouri, chocando-se explicitamente com a crueza leve da narrativa de John Williams, faz pensar no sentido da vida e de tudo o que é relevante ou não. Quem o vê já professor veterano , com vasta experiência e brilhantismo indiscutível enxerga em Stoner um homem tão passivo, inexpressivo, que se deixa massacrar por uma rotina cáustica, um casamento de farsa e por um cerceamento funcional dentro do próprio departamento onde dera seu tempo e suor por 40 anos.
Stoner é o típico sujeito inócuo, que, embora nunca tenha feito inimigos, foi amplamente odiado, causando-lhe muitas vezes a destituição de suas maiores paixões: o seu escritório, onde podia se encontrar em meio aos vastos livros; a sua filha Gracie, com quem mantém um relacionamento esparso; de Katherine, um amor fortuito que acaba sendo usado contra o próprio Stoner, levando-o a vitupério entre os seus alunos. Stoner é o típico “saco de pancada”, um homem fraco que se permite absorver as humilhações partidas de sua esposa Edith e seu colega de faculdade Lomax. Nesses “vilões ” Stoner vai curando uma resignação que muitas vezes me levou a exasperação!
Não sei ao certo o que achar desse livro. Que é um romance triste, desconexo e banal, não tenho dúvida (aliás tive a mesma impressão ao ler o outro romance de Williams, Butcher’s Crossing), mas as páginas assombrosas que emolduram a triste e vã trajetória de William Stoner causam uma forma incomum de espanto e enlevo ao leitor.
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