É sempre a mesma coisa: profusão de pessoas indo para algum lugar seja bucólico ou o retorno à bestial monotonia cinzenta das grandes cidades. São caminhos se cruzam por pífios instantes para no instante seguinte se perderem para sempre.
Este pensamento detém a mente de Pablo por um segundo: talvez não haja lugar mais solitário que uma estação de trens. Não diferentes as rodoviárias e aeroportos.
Não importa o tamanho. Tampouco qual seja o dia da semana. Se repete sempre a mesma coisa. Pessoas vão. Outras voltam. Simples assim. E este é um pensamento deprimente, o de ir ou voltar. Reporta a relacionamentos que terminaram, a corações partidos e amargurados; faz lembrar que um dia todos se vão. E que sempre alguém terá de ficar. Uma roda viva gigante. E é isso que o mundo é: uma ponte, um itinerário, um destino cravado por letras amarelas e brilhantes em ônibus e trens errantes. O mundo se torna apenas uma conexão ininterrupta de idas e vindas. Interminável. Perturbadora.
Pablo fita desconsolado abraços de adeus, de até logo, cenas familiares, algumas com os exageros próprios do momento, outros não passando de frios apertos de mão. Ainda assim é possível captar uma fímbria de tristeza por aquele que vai e deixa o outro. E há também aqueles que contagiam com lágrimas os últimos momentos junto aos seus. É assim a vida. Uma macabra conexão de idas e vindas. Assim como amamos e odiamos; como queremos e não mais; como nascemos e partimos.
Pablo sacode a cabeça, num gesto de rejeição àquele pensamento solitário. A solidão que o toma naquele instante. Olhando ao redor, de certa forma, inveja-os. Ninguém está ali para se despedir dele, não há laços, não vínculos nem saudades a levar. Talvez seja até bom assim. Mas é melhor ir andando. O trem já apitou furiosamente e o avisa que chegou a hora de partir.
Crédito da imagem: http://www.deviantart.com/
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