EM POST ANTERIOR, falei um pouco sobre umas das obras fundamentais do Realismo Brasileiro: o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, do grande escritor Machado de Assis.
Mas hoje, irei considerar o que, creio, seja sua maior obra literária: o clássico de todos os tempos – Dom Casmurro.
Se naquele primeiro, o livro fora escrito por um defunto autor, quando, na tranquilidade da pós-vida – que lhe permitiu falar dos seus infortúnios com uma acidez e pessimismo incomuns para nós, pobres mortais – neste o autor, Bento Santiago, o fez em vida mesmo. Desde a primeira página, onde tentara recompor os dias de sua infância e adolescência, não deixou de fazê-lo sem utilizar-se do mesmo recurso: expor com uma crueza fria a hipocrisia, a perfídia, a dissimulação, o fingimento, próprio das pessoas.
Se Machado foi originalíssimo na forma como concebeu a história narrada pelo morto Brás Cubas – deus o tenha! – o foi mais ainda ao criar o maior enigma já dantes narrado: até hoje não se sabe precisamente se a esposa de Bentinho, Capitu, cometeu realmente adultério com seu melhor amigo e companheiro de seminário, Escobar, que supostamente seria o verdadeiro pai do seu filho, Ezequiel.
Desconfiança esta que o fez maquinar as mais diversas formas de se livrar da mulher e do filho, que foram desde seu próprio suicídio até em envenená-los.
A genialidade de Dom Casmurro está justamente no fato de que, ao ser comparado com histórias análogas de adultério e traição, foi mais além do que livros como Ana Karenina e Mme. Bovary. Nestes percebe-se muitos lugares-comuns e o fim que levaram as personagens adúlteras é quase idêntico. O que não ocorre em Dom Casmurro. Embora o autor guarde ternas lembranças da linda garotinha da Rua Matacavalos, a Capitu dos olhos de ressaca, oblíquos e dissimulados, que amara ainda no início da sua adolescência. Mas, ainda que nutrisse tal sentimento por ela, jamais compreendeu o que realmente se passava por seu coração. Por mais que ela demonstrasse um grande afeto por nosso herói, com a mesma certeza se mostrara tão pouco fiel a este amor. E este foi um dos motivos porque Bentinho andava tão desconfiado, ao ponto de certa manhã, não mais suportando a grande semelhança de Ezequiel com o falecido Escobar, decide romper o casamento com a amada de toda sua vida…
Certamente é um livro que vale a pena ser lido e relido. Muito mais, em se tratando de Machado de Assis, incontestavelmente, o nosso maior expoente literário.
Que belo texto Dostet, sem dúvidas Machado é o autor mais lido e o livro Dom Casmurro o mais discutido romance realista, havendo em torno dele discussões e mistérios que só o bom texto literário desperta. Por que discussões e mistérios?Respondendo à pergunta inicial, as discussões e o mistério acontecem porque não fica esclarecido para o leitor se houve ou não o adultério. Há razões de sobra para condenar e para absolver Capitu, bem como para considerar Bentinho vítima ou apenas um fraco e neurótico, criando o adultério apenas em sua cabeça. Prefiro ficar com esta última hipótese!!! Bjs e a próposito esta foto ta linda quem tirou?!!!rsrsrsrsr
Boa análise…
A propósito, concordo plenamente: Bentinho se tornou obcecado pelas ideias de sua cabeça, quando deferia estar fruindo o sossego de um bom lar e da família que sempre desejou.
Xerâo, Momôri!
a propósito número dois: vê se passa aqui mais vezes e ME AJUDA!!!! A-rran… Ok?
eu sempre te visito bem!!!rsrsrsrr
Crédito das fotos:
foto 1 – Rua Matacalos, séc. XVIII, from google.com.br
foto 2 – Juazeiro, década de 50 from Blog do Geraldo José
foto 3 – da minha máquina, tirada por um panfleteiro.