Flores mortas pintam o chão,
um escarlate mortal que tinge a tarde sem fim.
Folhas se perdem com o vento noturnal,
eternizam a passagem do tempo,
e são levadas pelo canto das estrelas brilhantes.
O velho jardim de flores mortas
que beira os quintais, que acolhe os forasteiros,
não traz poesia nas noites sem violão,
não faz de mim poeta ou cantor.
As eiras se perdem por sonhos algures,
mas o jardim tem seu espaço limitado
pelo claustro da solidão,
e então tudo ficou para trás.
Se tenho um jardim? Se ouso pisar-lhes
suas folhas mortas?
E de repente me vejo sangrando,
e suspiro a dor das folhas que caem
puro sangue que escoa, que banha a terra sedenta.
O jardim, de escarlate cor, de dor carmim.
Os poemas não são para ser explicados e sim para ser sentidos… Este é um belo poema.
“O velho jardim de flores mortas
que beira os quintais, que acolhe os forasteiros,
não traz poesia nas noites sem violão,
não faz de mim poeta ou cantor”
Me identifiquei com este trecho. Por que será?
De repente é porque essa mania (bem antiga) de tudo o que tentamos fazer sem, contudo, realizar os tantos e fabulosos planos que sonhamos para nós…
O que dizer do Folhetim, nosso jornal que nunca foi publicado; da nossa banda, que nunca saiu da garagem… tantas coisas que nunca foram…